sábado, 28 de julho de 2012

Estrela solitária



Assisti ontem ao filme "Heleno", de José Henrique Fonseca. É bonito, muito bem feito, o Rodrigo Santoro está maravilhoso no papel título, mas é triste demais ...
Como botafoguense sempre fui fascinada pela figura de Heleno de Freitas, o craque botafoguense que brilhou nos anos 1940 e, ainda por cima, era lindo e elegante. Nunca fui muito fundo na história de Heleno, embora soubesse que ele era temperamental e que tinha ganho o apelido de "Gilda" da torcida adversária por causa do personagem homônimo interpretado pela atriz Rita Hayworth.
Não sabia que a história dele era tão triste ... O filme não obedece a uma ordem cronológica, é como se o próprio Heleno relembrasse o seu passado. É impressionante a mudança sofrida por Santoro: o homem belo e irresistível transforma-se num homem feio, alquebrado, de cabelos ralos, dentes estragados, que mal consegue andar sozinho e permanece numa espécie de transe, sem se comunicar com ninguém.
Por que? O que levou Heleno a esse final trágico antes de completar 50 anos?
A sífilis, que ele se recusava a tratar? O vício em éter? Li uma matéria que diz que não se sabe exatamente quando os sintomas da doença começaram a tomar conta do corpo e da mente de Heleno.
No filme, vemos um Heleno craque, mas sempre de temperamento difícil, egocêntrico, sem um mínimo de espírito de equipe. Muito pelo contrário, para ele, todos os outros jogadores do time eram pernas de pau, só atrapalhavam. Seu amor pelo Botafogo era absoluto. Um craque-problema, um bad boy da primeira metade do século XX.
Heleno era de família rica, advogado formado. Por que era tão agressivo e autodestrutivo?
O filme não dá respostas definitivas, porém mostra com muito realismo a trajetória do craque rumo ao fim e se permite algumas cenas muito poéticas mostrando a paixão de Heleno pela bola e pelo futebol, que ganha uma dimensão mítica. É um belo filme e triste, muito triste.
Ah, o filme é baseado no livro "Nunca houve um homem como Heleno", de Marcos Eduardo Neves, de 2006. Fiquei com muita vontade de lê-lo.


quarta-feira, 25 de julho de 2012

Na estrada com Walter Salles



Por coincidência, li o livro "On the road" de Jack Kerouac este ano, depois de algumas tentativas frustradas de leitura. Isso acontece comigo de vez em quando: tento iniciar a leitura de um livro sem sucesso até que um dia - não sei por que - a barreira se desfaz e conseguimos estabelecer uma relação profícua e duradoura.
Foi assim com "On the road" e também com outro livro - este de Moacyr Scliar - que estou lendo agora e vou comentar mais adiante, quando concluir sua leitura.
Fiquei tão fascinada pelo livro de Kerouac que fui buscar mais informações sobre ele e aí descobri que Walter Salles, o badalado cineasta brasileiro, estava concluindo um filme baseado no livro.
Naturalmente fiquei louca para assisti-lo. Minha curiosidade ficou ainda mais atiçada graças a uma matéria lida na revista da Gol, durante um voo para o Rio em junho passado.
Quando vi que o filme estrearia em Cuiabá juntamente com o lançamento no resto do país, quis ir vê-lo no primeiro fim de semana, mas não consegui. No domingo passado, finalmente, assisti à adaptação feita por Salles para o livro de Kerouac.
Ainda não tenho uma opinião 100% formada, mas eu gostei do filme, embora ache que ele não seja o melhor programa para a maioria das pessoas. Aliás, Diana, minha filha mais velha que me acompanhou, notou a quantidade de pessoas que deixou a sala de cinema do Pantanal Shopping antes do final da sessão.
O filme é meio confuso, como o livro, cheio de personagens malucos que entram e saem da história, protagonizada pelo escritor Sal Paradise (interpretado pelo ator Sam Riley e alter ego de Kerouac) e pelo aspirante a escritor Dean Moriarty (personagem interpretado por Garrett Hedlund e inspirado no escritor Neal Cassady). Tem algumas mulheres, como a doidinha Marylou (Kristen Stewart), a amarga (ou realista?) Camille (Kirsten Dunst), que disputam o amor de Dean, e a mexicana interpretada pela atriz Alice Braga, que vive um romance com Sal. Quanto aos homens, os mais presentes são Carlo Marx (interpretado por Tom Sturridge, que seria na verdade o poeta Allen Ginsberg) e Old Bull Lee (vivido pelo ator Viggo Mortensen e inspirado no escritor William S. Burroughs).
Como o livro ainda está fresco na minha memória, consegui acompanhar todas as aventuras e ainda senti falta de algumas passagens e personagens que no livro têm uma presença forte. Mas é claro que seria impossível levar para a tela todos os personagens do livro de Kerouac, que marcou justamente por seu estilo inovador, pela narrativa em primeira pessoa e sem firulas, nos anos 1950.
Acho que o diretor conseguiu levar para a tela uma boa versão do livro, que talvez instigue uns e outros a encarar sua leitura. Aquela coisa louca de fumar, beber e se drogar o tempo todo está bem presente, o que fez Diana, minha filha, fazer o seguinte comentário: "E ainda dizem que o povo de hoje que é doido!" Na verdade, cada momento era vivido como se fosse o último.
A trilha sonora do filme, embalada por muito jazz, é interessantíssima, assim como algumas cenas em que a música tem uma participação fundamental. Admito, porém, que em alguns momentos o filme fica meio cansativo, justamente por tratar de acontecimentos meio jogados, aparentemente sem ligação.
Gostaria de saber a impressão sobre o filme de outras pessoas que não leram o livro. Diana gostou, mas teve em mim uma espécie de tradutora. Certamente ela não veria o filme se não fosse pelo meu convite.
Os atores estão bem, embora eu imaginasse o Sal mais franzino e menos bonito para contrastar mais com a masculinidade exacerbada de Dean Moriarty. A propósito, o ator que o interpreta é lindo, mas achei meio exageradas as comparações com James Dean e Marlon Brando, que li na internet.
Vale a pena ver o filme, mas vá com o espírito desarmado e sem esperar uma história daquelas que a gente fica querendo saber o fim. "On the road" ou "Na estrada" é como um álbum com muitas fotos e recordações de uma época de várias viagens. As histórias que ligam umas às outras ou que estão por trás dessas imagens nem sempre são totalmente ou suficientemente contadas.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Mulheres oprimidas, mulheres lutadoras






Assisti a um filme neste fim de semana que me impressionou bastante: "Albert Nobbs". Nem sei se chegou a entrar em cartaz nos cinemas de Cuiabá, mas se passou, passou batido.
É o tipo de filme que adoro: delicado, requintado, tenso, com grandes interpretações a começar, é claro, pela atriz Glenn Close, magnífica no papel do garçon Albert Nobbs.
A história se passa em Dublin, no século XIX, neva praticamente o tempo todo e as pessoas que não tem posses, nem títulos vivem oprimidas.
Nobbs é uma mulher sem fortuna que se veste de homem para conseguir um emprego de garçon. Vive décadas assim, discreta(o), tentando passar o mais despercebida(o) possível. Só consegue ser ela(e) mesmo quando tranca a porta de seu quarto e conta as economias guardadas para realizar o sonho de um negócio próprio.
Dirigido pelo diretor colombiano Rodrigo Garcia, o filme recebeu críticas não muito favoráveis, a não ser pela interpretação de Glenn, que acabou perdendo o Oscar para sua eterna rival Meryl Streep ("A Dama de Ferro").  Eu adorei, fiquei ligadíssima do começo ao fim, aguardando as surpresas. Não gostei do desfecho, mas isso não maculou a ótima impressão que o filme deixou.
O que mais me impressionou foi o clima de opressão, a história triste de Albert e outros personagens do filme. Fiquei aliviada de morar no Brasil, nos séculos XX/ XXI.
O interessante é que assisti a esse filme motivada por uma reportagem publicada na revista "Newsweek", que li por acaso na sexta-feira.  Era uma reportagem longa sobre 150 mulheres de destaque no mundo inteiro. Tinha mulheres quase anônimas que lutam por seus direitos e contra o preconceito em vários cantos do mundo, mas havia também mulheres famosas, como a atriz Glenn Close mencionada por seu papel como Albert Nobbs. A presidente Dilma Roussef integrava a lista assim como outra brasileira, cujo nome não recordo (que pena que não anotei).
 Uma dessas mulheres mais anônimas mora no Afeganistão e seu pai a vestia de homem para que pudesse acompanhá-lo nos atos políticos. Hoje ela ainda atua politicamente em seu país.
Cada história linda e triste. Histórias marcadas pela violência, pelo machismo, pelo preconceito, pela coragem e garra dessas mulheres que ousaram se rebelar contra um destino opressor e injusto.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Happy end

Pelo menos uma novela da minha vida teve final feliz: a da multa.
Acabei de receber uma Notificação da Junta Administrativa de Recursos de Infração (JARI-SMTU). Confesso que abri o envelope com o coração na mão e esperando o pior (ah, esse meu pessimismo ...)
Para minha agradável surpresa, fui notificada de que a Junta deliberou por unanimidade pelo "deferimento" do meu recurso. A mensagem informa ainda que todas as penalidades decorrentes serão canceladas.
Isso não é ótimo?
Para quem não se lembra da história ou estiver lendo este blog pela primeira vez, o episódio diz respeito a uma multa recebida por uma infração supostamente cometida na tarde do dia 11 de julho, quando comecei a trabalhar na Entrelinhas Editora. Como fiquei a tarde inteira na empresa e não poderia ter cometido a infração da qual fui acusada (furar um sinal na Prainha por volta de 5h da tarde), invoquei o testemunho de um dos diretores da Entrelinhas.
Deu trabalho: tive que ir ao SMTU uma três vezes, preencher formulários com a minha defesa, mas valeu a pena. Não me lembro mais o valor da multa, mas eu estava determinada a ir até o fim para provar minha inocência e não pagar por um "crime" não cometido.
Às vezes a gente fica com preguiça de reclamar, de ir à luta, mas esse episódio demonstra que não podemos esmorecer diante da burocracia.
Hoje eu pretendia tratar de outro assunto aqui no blog, mas não podia deixar de compartilhar esta boa notícia. O outro assunto fica para outro dia. Agora vou caminhar.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Violência em Cuiabá

Acabo de ler que o Tribunal de Justiça de Mato Grosso anulou a reintegração de posse de um terreno no bairro Humaitá, em Cuiabá.
A ação dos oficiais da Justiça e policiais militares aconteceu na semana passada e o resultado foi mostrado em rede nacional: várias pessoas, inclusive crianças, com hematomas e outros tipos de ferimento provocados por tiros com balas de borracha e cassetetes.
A ação foi condenada até pelo governador Silval Barbosa e o secretário-chefe da Casa Civil, José Lacerda.  Além da violência exacerbada, o que chama atenção no caso é que os oficiais de Justiça tinham uma liminar para a reintegração da área e não para derrubar as casas das famílias que moravam no local. Apesar disso, eles não só derrubaram os imóveis com máquinas como também usaram a PM para agredir quem se opunha à ação.
A notícia da anulação é boa e a condenação pública de quem cometeu a violência também é positiva, mas quem vai pagar pelos imóveis e objetos destruídos? Quem está pagando o tratamento (remédios e curativos) das pessoas agredidas? Sem falar do trauma provocado nas crianças que jamais será esquecido.
Outra notícia mato-grossense que chamou atenção nos últimos dias (mais uma forma de violência) diz respeito a mulheres que se infectaram após um procedimento estético numa clínica em Cuiabá (Plena Forma). As imagens das barrigas deformadas pelo inchaço e por feridas e pústulas foram chocantes e repetidas em vários telejornais locais, chegando ao noticiário nacional (jornal Hoje).
Fiquei com muita pena das mulheres que compraram o tratamento num site de compras coletivas, foram buscar a "beleza" e encontraram dor e horror. Mas acho que as pessoas são muito cegas quando o assunto é tratamento de beleza e permitem que se façam tratamentos invasivos (com o uso de agulhas) sem a presença de um médico. O governo disse que montou uma estrutura para dar atendimento às vítimas, já que o tratamento será longo. Será que está funcionando?
Hoje, no elevador de um prédio comercial, conversei com um "amarelinho" (agente de trânsito da Prefeitura de Cuiabá) sobre outro episódio de violência recente. Um agente foi agredido covardamente por um motorista numa avenida movimentada da capital. O noticiário informou que o agente chamou atenção do motorista que trafegava na contramão e levou uma marretada na cabeça.
O agente que conheci hoje contou mais detalhes: disse que o colega advertiu o motorista por causa da contramão e da falta do uso de cinto de segurança e, quando ajudava uma senhora a atravessar a rua, foi agredido por trás pelo sujeito, que conseguiu fugir.  Mas ele foi identificado e é um engenheiro do Dnit, segundo o agente/fonte. O agente ferido registrou queixa e já voltou à ativa.
O episódio serve para mostrar como tem maluco dirigindo pela cidade. Vejo tanta gente fazendo besteira no trânsito e muitas vezes tenho vontade de sair xingando, mas não vale a pena: por trás de um volante sempre pode ter um psicopata como esse agressor do agente de trânsito.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Falta de educação ambiental



Estou novamente numa sinuca de bico. Hoje, pensei seriamente em dar uma pausa no blog.  Qual o propósito deste blog? Falar de moda, divulgar a cultura, algum produto em especial, uma loja, um esporte, uma filosfia? Não! Ao longo desses quatro anos ele tem sido uma mistura, um reflexo do que sou: uma pessoa que pensa, se anima, se desanima, se lamenta, ri, chora, se diverte com coisas corriqueiras, se indigna com outras não tão corriqueiras (a gente nem liga mais para as corriqueiras...)
Mas, afinal, para que se escreve? Para agradar, conquistar, desabafar, provocar, compartilhar? É isso! A última palavra é a mais importante. Eu escrevo para desabafar e também para compartilhar ... com quem? Com quem quiser me "ouvir" e, eventualmente, vivencie os mesmos problemas ou alegrias que eu. Pelo fato de eu estar compartilhando, eu me inquieto porque acho que não estou passando boas vibrações ultimamente e aí acho que me torno chata e repetitiva. Até eu estou de saco cheio de mim.
Sendo assim, o que fazer? Parar e só voltar a escrever quando tiver alguma coisa interessante para contar? Ou então continuar escrevendo e torcer para que ninguém me leia? (Estou quase chegando lá).
Enfim, mais um dia de muito trabalho, de encontros (com a filha mais velha) e despedidas (da caçula que voltou para Cáceres e de seu namorado, que voltou para casa). Estou meio cansada de levar e buscar gente no aeroporto, na rodoviária, etc. Faz parte, né, mas mexe com as emoções da gente!
Ontem passei um dia na Chapada dos Guimarães com a filha caçula e o namoradinho. O dia estava lindo e por alguns instantes consegui até esquecer de tudo que deveria estar fazendo em casa (os trabalhos pendentes). Fomos até a cachoeira da Martinha, minha xará, e foi divertido, apesar do lugar estar lotado. Gente, o que é aquilo? É uma cachoeira linda e uma das poucas com acesso totalmente liberado. Há alguns anos só se chegava lá por uma estrada de chão, o que reduzia bastante o número de visitantes. Meu amigo Rodrigo, que hoje mora no Rio de Janeiro, conta que a Martinha era um lugar perfeito, mas agora, com a estrada Chapada - Campo Verde asfaltada, o lugar é frequentadíssimo.
Tinha gente fazendo churrasco, bebendo cerveja (de lata e garrafa) e não vi ninguém fiscalizando o local. Saímos de lá por volta de 15h e não parava de chegar gente. Imagino o lixo que ficou para trás! Eu catei uma lata de cerveja (que não era minha) e um copo plástico, mas vi muito mais lixo pelo chão. Triste, né?
A gente ouve muito blá-blá-blá sobre turismo, educação ambiental e preservação, etc, mas na prática tudo é uma bagunça só. É uma pena.
Na volta da minha pobre xará, paramos num restaurante gostoso, já próximo a Cuiabá, Horácio's (no Km 28 da rodovia Emanuel Pinheiro). Comemos um arroz carreteiro decente e farto, que quebrou o galho do almoço de hoje também e ainda serviu de jantar para o porteiro da noite (da próxima vez, vou pedir meia porção). Só tomamos suco de laranja, mas percebi que os adultos da outra mesa estavam todas bebendo cerveja e saíram de carro. É, a Lei Seca em Cuiabá ainda é uma peça de ficção.
Para quem não ia escrever já escrevi demais. Vou ver se pego um pouco do noticiário de TV para saber se tem algo de novo acontecendo no mundo. Por hoje, chega de trabalho!

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Ou isto ou aquilo

Não sei se faço isto ou aquilo. Isso me lembra aquele poema famoso de Cecília Meireles: "Ou isto ou aquilo".
(...) Não sei se brinco, não sei se estudo
se saio correndo ou fico tranquilo (...)
Esse poema tem o frescor de uma época em que todas as possibilidades ainda eram possíveis. É claro que tudo vinha acompanhado de uma certa angústia, da insegurança sobre ... minha aparência, o amor de minha família, a aceitação pelos amigos.
Ah, na verdade, a vida tem sempre suas dificuldades, porém quando a gente olha para trás tem tendência a se lembrar apenas da parte mais bonita.
As dúvidas e as inseguranças sempre foram minhas fiéis companheiras.
Hoje, estive pensando que meu maior problema hoje é a desesperança. Não consigo acreditar nas pessoas, nas ideias, num futuro melhor, em Deus.
Quem me conhece melhor talvez se surpreenda com essa confissão. Ou não. Não desejo mal a ninguém, mas sinceramente duvido que meus desejos e pensamentos tenham algum peso no desenrolar da vida.
Acho bonito quando ouço as pessoas falando com tanta fé em Deus. Se Deus quiser e Ele há de querer! É uma frase corriqueira e sem o menor sentido. Afinal, cadê o livre arbítrio de Deus?
Continuo achando que a fé é um aconchego, uma proteção que a maioria das pessoas encontra diante da total insensatez do mundo.
Ontem, cassaram o senador Demóstenes Torres! O Congresso está se purificando! Não acredito. E o Sarney, o Colloer e tantos outros que continuam por lá?
Enfim, não é legal perder a esperança na humanidade e tento não passar isso para minhas filhas. Adoro quando sorriem, fico feliz quando parecem felizes. Talvez eu esteja precisando de uma semente de esperança, de acreditar em algum projeto, num trabalho, alguma coisa que me devolva o tesão de seguir em frente e não apenas ir empurrando a vida com a barriga.
Ah, o início do post tinha a ver com uma indecisão sobre o que fazer naquele momento: iniciar mais esta ou aquela matéria, ou escrever um post.  Acabei optando por isto.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Ninho vazio

Por que  será que tem dia a gente está triste? Tristeza e alegria são dois lados da mesma moeda e talvez a gente precise aprender a aceitar esse outro lado. Por que a gente sempre quer estar feliz embora saiba que isso é impossível?
Eu gostaria muito de ser aquela pessoa que esbanja alegria, otismismo e tem uma palavra de estímulo em qualquer situação, mas tenho um lado melancólico, uma tristeza que me acompanha desde que me entendo por gente.
Mas isso não deveria ser visto com um mal, talvez essa melancolia faça parte da minha personalidade mesmo que me encantem as pessoas de riso fácil e que parecem ter uma energia inesgotável para enfrentar todas as adversidades da vida.
Hoje, por exemplo, eu gostaria de estar com minhas duas filhas no Pantanal, curtindo o aniversário de "tia" Márcia na fazenda, ao lado de outros amigos e parentes.
Se eu tivesse me programado melhor ou fosse um pouco mais inconsequente poderia ter ido, mas como não me programei e sou muito certinha fiquei só na vontade.
Imagino a farra do pessoal agora, comendo, bebendo e curtindo a música na paisagem do Pantanal, que tanto mexe comigo!
Na verdade, estou mesmo é com saudades das minhas filhas. É impressionante como a casa fica vazia sem elas!


segunda-feira, 9 de julho de 2012

Jovens & álcool

Alguém comentou que a capa da Veja desta semana é sobre jovens e álcool. Não me sinto muito à vontade para falar sobre o assunto porque gosto de beber, mas nunca fui do tipo que estimula as filhas a beberem e sempre as alertei quanto aos riscos do excesso de bebidas alcóolicas.
Desde a semana passada quero escrever sobre um assunto delicado: motoristas e álcool, o que inclui os jovens que parecem ser as vítimas mais frequentes dessa relação perigosa. Talvez porque bebam mais, tenham menos noção do perigo de se dirigir embrigado ou sejam mais afoitos na direção sóbrios ou bêbados.
Tenho visto vários jovens conhecidos se envolvendo em acidentes e sendo vítimas dessa mistura fatal. Na semana passada, mais um morreu em consequência disso. Seus amigos lamentaram sua morte, choraram sua perda em comentários e fotos nas redes sociais, mas quantos realmente botaram a mão na consciência e refletiram sobre os riscos de se andar em alta velocidade na madrugada depois de uma balada?
Estive há poucos dias no Rio de Janeiro e fiquei impressionada com o cuidado que as pessoas da minha família e amigos estão tendo em relação à mistura álcool e direção. Quem vai para a noite ou sai com a intenção de beber vai de táxi ou de carona, já que as blitzes estão acontecendo para valer.
Não tem outro jeito. Lembram-se quando não tínhamos o hábito de usar cinto de segurança? Por medo de sermos multados, muitos de nós nos acostumamos a botar o cinto. Eu mesma não consigo andar um quarteirão hoje sem usá-lo. Com o consumo de álcool não é diferente. A gente se acostumou a dirigir depois de alguns chopes ou copos de cerveja na certeza de que nada vai acontecer, mas, infelizmente, diante de tantas mortes estúpidas, eu gostaria realmente de que Cuiabá e outras cidades de Mato Grosso seguissem o exemplo do Rio e botassem a Lei Seca para funcionar de verdade.
Quem sabe assim num futuro a gente não passaria a achar estranho o hábito de dirigir alcoolizado?

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Moscas volantes




Sei que não posso (nem devo) reclamar da vida, mas não posso deixar de comentar aqui sobre um novo problema que me apareceu.
Desde a manhã do último dia 23 estou vendo um monte de pontinhos e manchas pretas que se movem diante do meu olho direito.  No primeiro momento fiquei assustadíssima achando que podia ser o início de um derrame ou de uma cegueira repentina, mas me tranquilizei quando comentei o assunto com uma de minhas sobrinhas e ela me disse que também tinha esse problema, chamado de "moscas volantes".
Agora que meu problema tinha nome e sobrenome só me restava aguardar chegar a Cuiabá para procurar meu oftalmologista, o que fiz na sexta-feira passada. Estava muito ansiosa porque na véspera comecei a ver flashes de luz amarela na mesma vista (a direita) como se alguém tivesse brincando com um laser do meu lado direito.
Meu oftalmologista (Dr Marco) e seu colega especialista em retina (o retinólogo) fizeram um mapamento dos meus olhos (com foco especial no direito) e disseram que não havia sinais de deslocamento de retina (uma das possibilidades). Mesmo assim marcaram uma ressonância, a ser realizada dentro de alguns dias, para ter mais tranquilidade no diagnóstico.
Saí de lá mais aliviada, porém continuo irritada com os pontinhos e as manchas que insistem em perturbar a minha já tão perturbada visão. Mas, afinal, o que tenho? Segundo o dr. Marco, um "deslocamento vítreo posterior".
Vou tomar emprestadas informações  do texto que encontrei no site do Instituto Brasiliense de Olhos (Inbol): as tais "moscas volantes" são condensações da gelatina do olho, denominada vítreo (ou humor vítreo) - um fluído gelatinoso e transparente que preenche a cavidade interna do olho. As "moscas" estão flutuando nesse líquido e são vistas como sombras pela retina. A gelatina vítrea tende a se contrair com o tempo, separando-se da retina. Segundo o Inbol, esse é fenômeno é comum em pessoas com mais de 60 anos, em míopes ou em que se submeteu a cirurgias intraoculares (como a de catarata).
As moscas também podem ser sinal de um rasgo retina, o que pode levar a um deslocamento na retina - que é uma doença grave, já que pode causar cegueira (lembram-se do caso do jogador Tostão?), daí a importância de procurar um médico. Mas se não tiver ocorrido isso, não há o que fazer, pelo que entendi: a não ser se habituar à companhia das moscas.
(Suspiro)
Sou míope desde 9 anos, desenvolvi ceratocone (o que me impede de fazer aqueles cirurgias miraculosas de correção da miopia), super alérgica e agora ainda vejo moscas volantes. Considerando que estamos no início da estação seca, que piora bastante as condições para quem usa lentes de contatos rígidas ou gás permeáveis (como eu), poderia dizer que estou a dois passos do paraíso.
Ainda bem que consigo pagar meu plano da Unimed, posso consultar meu oftalmologista de confiança e gastar vidros e vidros de colírio lubrificante para segurar a barra.
Ontem, passei o dia inteiro sem conseguir colocar a lente do lado direito; hoje, estou com as duas lentes sem maior sofrimento.
A vida é assim: os dias em que consigo olhar o céu de brigadeiro sem lacrimejar me parecem maravilhosos.  A consciência de que tudo pode ficar pior às vezes pode servir de conforto.


segunda-feira, 2 de julho de 2012

Um casamento marcado por um véu




Os dias foram passando e eu tomando fôlego para falar do casamento de minha sobrinha Maria Rosa, que motivou mais um encontro da família Baptista.
O casamento foi lindo! Como muita gente que assistiu à cerimônia realizada no Clube Monte Líbano, na noite de 23 de junho, eu me lembrei muito de meu irmão, José Feliciano (Zezinho). Ele ficaria muito orgulhoso de ver sua caçulinha entrando de mãos dadas com a mãe, Nancy.
Nem preciso dizer que Rosinha estava linda, com seu vestido tomara que caia e sua elegância natural. O véu da noiva foi um detalhe à parte: pertenceu à sua avó paterna, Nilzalina, minha mãe, que se casou aos 16 anos no final dos anos 1920.
Que vergonha! Não sei o ano que minha mãe se casou com meu pai (Júlio), mas como ela nasceu em 11 de abril 1912 e se casou aos 16, deve ter sido em 1928 ou nos primeiros meses do ano seguinte.
A festa foi animadíssima e a dança começou com os noivos, que dançaram um forró (ritmo que marcou o início do namoro) e chamaram os convidados para cumprimentá-los na pista de dança. Embalada pelo espumante servido fartamente, eu logo aderi à turma que dançava e não parei mais até o final da festa.
O DJ tocou de tudo um pouco e o mais gostoso de festas de casamento (fora a diversidade dos ritmos) é a despreocupação, a despretensão. Está todo mundo em família e a gente dança feliz ao lado de sobrinhos, filha (só uma pode ir) e irmãs. O destaque é claro vai para minha irmã mais velha, Lila, que deu um show de vitalidade e alegria como sempre.
Os noivos (Rosinha e Júlio) dançaram até o fim da festa e ainda tiveram fôlego para uma esticada  na Pizzaria Guanabara devidamente paramentados. Eu não participei dessa esticada porque meus pés estavam em petição de miséria.
A festa foi perfeita em todos os sentidos e a gente fica agora torcendo pela felicidade do novo casal, Maria Rosa e Júlio (mais um na família!). Tomara que o véu da vovó traga muita sorte aos dois. Viver a dois não é fácil, mas é muito gostoso e espero que eles tenham tranquilidade para superar as dificuldades do dia a dia e focar nas afinidades que os uniram. "All we need is love"!