quinta-feira, 29 de abril de 2010

Jaboticabal

Já estou na segunda fase da minha viagem pelo interior paulista. No final da tarde de hoje vim para Jaboticabal e estou vivendo por uns dias numa república da meninas. É muito divertido! Minhas "companheiras" atendem por nomes estranhos (Rodada, Pegada, etc) e me esforço por decorar quem é quem. Também estou decorando os nomes dos quatro cachorros da casa.
Estou feliz de reencontrar minha filhota depois de exatamente dois meses sem vê-la, mas já sinto que vai doer quando eu tiver que embora na segunda de manhã. Agora, por exemplo, ela foi tomar banho e disse que ia lavar a cabeça. "Mas você vai dormir de cabelos molhados?" - indaguei como mãe superprotetora. Como se ela não vivesse dormindo de cabelos molhados quando estou longe!
Hoje o dia foi puxado e meio que me arrastei pelos caminhos cheios de pedrinhas do Agrishow. Como estava com as unhas dos pés doendo de tanto usar sapatos fechados, tive a infeliz ideia de ir de sandálias para a feira. Tive que tirar as malas do ônibus do Pool de jornalistas, que estava parado a alguns metros da entrada principal, e levá-las para o carro de uma companheira de república que estava trabalhando no Agrishow por coincidência (peguei carona na van de uma empresa para fazer esse pequeno trajeto e depois tive a ajuda da dona do carro e de um colega seu). Na hora de ir embora (pouco depois das 18h) caiu um temporal e chegamos encharcadas no carro dela. Fizemos uma viagem debaixo de chuva forte e meio tensa, mas tudo correu bem.
Hoje reencontrei um grande amigo no Agrishow (Glauco, de Porto Alegre) e me despedi de alguns novos amigos do pool de jornalistas: pessoas muito legais que conheci (do Rio de Janeiro, de Poços de Caldas, de Santo André, etc) e que talvez demore a rever. Vi a Dilma de perto, mas muito rapidamente porque ela chegou no Agrishow bem na hora que tivemos que sair. Não gostei muito do tom de sua voz, mas ainda vou pensar bastante antes de decidir meu voto. Não vi o Serra, que também usou o Agrishow para desfilar e fazer campanha ainda que não oficialmente.
Vi máquinas enormes de perto, que me fizeram sentir como uma formiguinha diante de um monstro ou como um terráqueo diante de um ser de outro planeta.
Depois de tanto rodar, ouvir tantas informações diferentes, tenho a sensação de que saí de Cuiabá há um tempão.
Mas a lembrança mais forte que vou levar desta temporada, por enquanto, é a da caipirinha de pitaia que tomei na Estância São Marcos, onde ficamos hospedados em Brodowski. Não conheci a cidade, nem o museu do Portinari, mas tomei caipirinhas maravilhosas, preparadas com esmero pelo garçon da Estância, cujo nome lamento ter esquecido. Eram feitas com a fruta (plantada na própria estância) e folhinhas de hortelã. Uma verdadeira obra de arte!

PS. Acabei de descobrir na wikipedia que a pitaia também é conhecida como fruta-dragão em outras línguas. Como a planta só floresce à noite, com grandes flores brancas, é chamada ainda de flor-da-lua ou dama da noite. Estou apaixonada pela pitaia! Pena que a fruta seja tão cara em Cuiabá.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Agrishow 2010

 Gente, me desculpe se eu cometer algum erro de digitação, mas estou sob forte emoção.
Acabei de realizar um sonho de infância: voar de helicóptero! Está bem que foram só por alguns minutos, mas a emoção de subir e e descer (ai, meu estômago) e ver o Agrishow do alto foi fantástica! Não vou cansar meus leitores com detalhes, mas foi muito legal e foi um passeio que caiu do céu. Só mais dois jornalistas do grupo fizeram isso hoje e graças a mim!
E tem mais: fiz um test drive com uma caminhonete Hilux da Toyota. Depois conto mais detalhes, mas sabe a sensação de estar num parque de diversões andando numa montanha-russa? Foi mais ou menos isso que senti.
Fora esse final de tarde sensacional, o resto foi muito trabalho, calor, informações, poeira, não exatamente nessa ordem. Nosso dia começou às 6h15 e não tem hora para terminar.
Amanhã tem mais Agrishow na parte da manhã (dizem que a Dilma e o Serra estão vindo) e depois vou rever minha filhota caçula em Jaboticabal!

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Chegando a São Paulo

Hoje acordei às 4h30m e, meia hora depois, o táxi já estava me aguardando - como sempre - na porta do edifício. Mas cheguei ao aeroporto no horário previsto e deu tudo certo. Morro de medo de perder a hora quando tenho voo muito cedo.
Na fila do check-in conheci uma moça simpática que tinha ido a Cuiabá para o velório e enterro da irmã. Ficamos "amigas" e só me separei dela no avião. Fiquei muito impressionada com o caso: a irmã dela tinha 36 anos, era aparentemente saudável e teve um enfarte e um derrame (não sei se nessa sequência), ficou vários dias em coma, mas não resistiu. Deixou uma filha de 9 nove anos. A moça me contou que a irmã tinha diabetes e não sabia, o que complicou sua situação.  Sua morte serviu de alerta para o resto da família.
O voo foi normal, sem sobressaltos ou surpresas de qualquer tipo. Li um pouco (meu livro e a edição de abril da revista da Gol, que está ótima) e depois cochilei. Desci em Guarulhos e fiquei um pouco desorientada até encontrar o táxi que me foi enviado pelo pessoal da Mecânica de Comunicação, empresa responsável por esta viagem ao Agrishow Ribeirão.
Cochilei no táxi, embalada pelo trânsito e o rádio do carro (que só falava sobre trânsito) e praticamente despertei no Centro de São Paulo, perto da Praça da República. O dia está lindo e tem uma brisa agradável. Vim para o escritório da Mecânica e daqui a pouco, vou almoçar com outros jornalistas, que ainda não chegaram, num hotel que avisto da janela de onde estou. Mais tarde seguimos para Brodowski.

domingo, 25 de abril de 2010

Rumo a Ribeirão Preto

Vou arrumar minha mala agora para viajar amanhã cedo. Vou para o Agrishow, uma feira que reúne as maiores empresas do agronegócio em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo - pesos pesados que vendem máquinas de última tecnologia para o povo do agronegócio espalhado pelo país. Dizem que este ano o evento promete em termos de negócio e novidades.
Para mim tudo é novidade: Agrishow, Ribeirão Preto (na verdade, o grupo de jornalistas do qual faço parte vai ficar hospedado em Brodowski, a cerca de 20 km de Ribeirão).
Assim que terminar minha participação no evento sigo para Jaboticabal, onde passarei o fim de semana com minha filha caçula, que não vejo desde 27 de fevereiro passado! Ou seja, há dois meses. Estou morrendo de saudades.
Lamento deixar para trás a mais velha (que já pediu socorro às amigas para não dormir sozinha), minhas aulas de yoga e ensaio do coral, mas estou feliz de sair da rotina por uma semana.
Na medida do possível, pretendo atualizar meu blog de lá.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Tristeza, por favor, vá embora!

Tenho tantos pensamentos diferentes na cabeça que não sei por onde começar ... Algumas pessoas que me conhecem (e leem meu blog) já perceberam que estou deprimida. Estar deprimida não é uma opção ou decisão, e é difícil reconhecer esse estado. Dá uma sensação de fraqueza, de ter jogado a toalha antes do apito final do juiz.  
A partir do que tenho lido, ouvido e vivido, não sei se devo ir a um psiquiatra (para tratar um suposto problema mental), a um ginecologista (para cuidar de um suposto problema hormonal) ou a um centro espírita  ou outra coisa no gênero (para buscar respostas para minhas questões espirituais).  
Acabei de ler uma mensagem enviada por um amigo que fala sobre depressão e diz que a gente deve fazer as coisas por amor. "Ame o próximo como a si mesmo" - é o ensinamento básico da religião cristã. 
Por que eu me deixo abater pela culpa, pelo arrependimento, por que me mantenho tão atrelada ao passado, que nem sempre foi um poço de felicidade? Por que não consigo planejar meu futuro? Por que tanta tristeza? 
"Tristeza, por favor, vá embora/
Minha alma que chora
Está vendo meu fim
Fez do meu coração a sua moradia
Já é de mais o meu penar
Quero voltar àquela vida de alegria
Quero de novo cantar"
O velho samba de Haroldo Lobo e Niltinho, que embalou a minha infância e adolescência,  me vem à cabeça em forma de oração. E já que falamos em samba, não estou assim tão deprimida porque consigo me alegrar com o projeto familiar de passar o próximo carnaval em Corumbá (MS) - cidade natal de grande parte da família e cenário de um dos mais animados carnavais do Brasil. Tenho um lado carnavalesco, festivo, que adora cantar e dançar, mas que fica meio subjugado pela culpa e a obrigação de trabalhar, ganhar dinheiro, etc. 
É engraçado: não consigo imaginar minha vida sem trabalho, mas não estou conseguindo curtir o meu trabalho, usufruir do lado bom dele (lado ruim sempre vai ter em qualquer lugar ...). Por isso, retorno ao ponto inicial: preciso procurar ajuda especializada, não é?
A propósito, acabei de me lembrar que hoje é Dia Nacional do Choro, em homenagem à data de nascimento de Pixinguinha. Um motivo a mais para eu sair dessa fossa, certo?

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Obsessão infantil

Desde pequena sou obcecada por páginas policiais dos jornais. Acho que isso nem Freud explica. Sinto fascínio e terror diante de qualquer imagem com sangue. Não sou do tipo que estica o pescoço quando passa por um desastre, nem gosto daqueles jornais que "derramam sangue" se você expremer, como se usava dizer em relação a publicações populares e sensacionalistas. O que me fascina é a história por trás do crime, acidente ou seja lá o que causou a notíca, o que vai além do lide clássico que só responde as perguntas básicas.
Puxei esse assunto porque desde ontem e anteontem não me saem da cabeça duas notícias que li/ouvi em meio a tantas outras (boas ou más). Uma era a respeito de um vigia morto a facadas e garrafadas num depósito de bebidas em Cuiabá supostamente por ladrões que roubaram garrafas de cerveja. Seu colega o encontrou agonizante no dia seguinte. A outra foi sobre o atropelamento e morte de um ciclista - um frentista de 23 anos - por um motorista alcoolizado. 
Os dois fatos certamente logo serão esquecidos pela mídia e farão parte de estatísticas sobre latrocínios (morte após roubo) e acidentes envolvendo motoristas bêbados. Penso no terror desse vigia diante da brutalidade de seus agressores e na surpresa desse ciclista colhido pelo carro no caminho para o trabalho. Penso, principalmente, na dor de seus parentes e amigos, na dificuldade para tomar as medidas de praxe (liberação do corpo, enterro, um provável processo ou indenização por morte em serviço, etc). 
Por tudo isso cada vez admiro mais o trabalho do jornalista Caco Barcelos e equipe no programa "Profissão Repórter". Nem sempre assisto porque vai ao ar muito tarde, mas acabei vendo a edição da semana passada sobre a enchente no Rio de Janeiro. Foi muito bom e triste, justamente por mostrar como diz a chamada do programa "os bastidores da notícia": o sofrimento da mulher que perdeu o marido num dos deslizamentos de terra, a situação de quem não morreu, nem teve a casa destruída, mas vive permanentemente numa situação de risco e insalubridade total.  Era esse tipo de trabalho que eu sonhava fazer quando decidi ser jornalista.


terça-feira, 20 de abril de 2010

Problemas recorrentes

Hoje acordei mais animada e disposta ao trabalho e à vida. Fui surpreendida, porém, com o retorno de um problema velho conhecido: a irritação do meu olho direito, diante do sol implacável de Cuiabá. Fazia tempo que meu olho direito estava melhor e eu tinha até medo de cantar vitória diante do inexplicável. Pois bem, com a volta do tempo mais seco e diante dos raios de sol que incidem com força nos meus olhos no caminho para o trabalho (mesmo com óculos escuros), meu olho direito (por que ele?) voltou a ficar irritado e lacrimejar, embaçando minha visão e colocando em suspenso meu plano de encarar a vida com mais boa vontade, apesar do ceratocone e outros probleminhas.
O que fazer diante disso? Mudar de cidade, de vista, de lente de contato, de oculista? 
Chegando á revista, tirei a lente, dei um tempo e consegui recolocá-la com um pouco de desconforto. Sem ela, eu simplesmente não consigo escrever! 
No caminho, vi um caminhão da Prefeitura com cinco rapazes sentados na beirada da caçamba sem qualquer equipamento de segurança. Fiquei me indagando o que aconteceria se o veículo brecasse de repente? Se eles caíssem e se machucassem, provavelmente alguém diria que eles não estavam sendo transportados num veículo adequado ou de uma forma adequada. Um advogado entraria na justiça contra a Prefeitura pedindo indenização e o processo se arrastaria por anos a fio. 
Que pensamento mais pessimista, não? A intenção não é essa. Eu apenas me preocupo com as pessoas e me sinto impotente (apesar de jornalista) para brigar por um mundo mais decente e menos hipócrita. Vejo as pessoas promovendo eventos para discutir segurança de trabalho, etc, mas vejo detalhes que mostram que, em matéria disso, ainda estamos muito atrasados. Querem um exemplo:? Logo após a enchente no Rio de Janeiro, vi num telejornal  da Rede Globo, funcionários do estádio do Maracanã tirando com as próprias mãos (sem luvas) a sujeira que entupia os ralos. A pressa era grande para limpar o estádio de modo a abrigar um jogo do Flamengo no dia seguinte.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Torcedora nada fanática

Se eu me ausentar por alguns dias, não se preocupe leitor amigo. Esta semana vai ser muito corrida e não sei se terei tempo de dar ao blog a atenção devida e habitual. 
Hoje de manhã, por alguns instantes, até pensei em suspender o blog por um tempo até que minha cabeça (e consequentemente meu tempo) se reorganizasse. Mas como disse o Velho Guerreiro, eu não vim aqui para explicar e sim para confundir. Portanto, tenho mais que expressar minha confusão interna se assim for necessário. Se a vírgula estiver fora do lugar e se uma palavra estiver mal digitada, você há de entender (ou não).  
Hoje, por exemplo, quero só registrar minha alegria com a vitória do Botafogo ontem. Sou a pior torcedora que existe. Sou traumatizada com decisões do Botafogo por causa daquele gol marcado pelo tricolor Lula no último minuto do segundo tempo numa decisão em junho de 1971. 
Era para ser um domingo de glória, o primeiro que eu ia ao estádio levando a minha bandeira do Botafogo, ganha de presente de aniversário na véspera. Não foi. Foi um dos finais de tarde mais tristes de toda minha curta vida e passei a semana inteira pelos cantos, deprimida e chorosa. 
Decidi naquele momento, na lucidez dos meus 15 anos, que nunca mais sofreria tanto por causa do futebol. Fiquei sem as grandes tristezas, mas tampouco posso desfrutar das grandes alegrias, já que quase nunca assisto aos jogos decisivos. Acho que sou pé frio. Mas nunca deixei de ser botafoguense e sentir uma alegria diferente quando meu time torna-se campeão carioca, como ontem.
Ah, eu daria tudo para viver a emoção de assistir ao Adriano perdendo o pênalti contra o Botafogo ...

sábado, 17 de abril de 2010

Leitura apaziguadora

De passagem pelo aeroporto de Congonhas, resolvi me dar de presente o livro "Comer, rezar. amar" da escritora norte-americana Elizabeth Gilbert.
Em geral, fujo dos best-sellers, mas resolvi me permitir uma leitura agradável (várias amigas me recomendaram o livro) depois de uma semana tão angustiante. 
Estou adorando! Ainda estou na primeira parte (a da Itália) e gostei especialmente do capítulo em que a autora fala sobre depressão e uso de remédios (que condena, embora o seu uso lhe tenha sido útil num determinado momento). Gostei muito da parte em que ela volta a se sentir acuada pelos fantasmas da depressão e a solidão e acabe sendo confortada por ela mesma.
Acho que o livro tem tudo a ver comigo e com os últimos posts escritos. Hoje, retornando para casa depois de mais um dia intenso de trabalho, eu me senti estranhamente apaziguada.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Quimera

Minha viagem ontem, pelo interior de Mato Grosso, foi meio abortada. Passei mal. Só de me lembrar da estrada fico com meu estômago embrulhado. 
Na hora fiquei muito deprimida. O que eu mais gosto no meu trabalho é viajar! Como vou ficar se não puder viajar? Mas, segundo o médico com quem me consultei no final da tarde, o problema não é simplesmente o movimento do carro e sim o estresse (da vida) associado. 
Então, tá ... Mas, como me livrar do estresse?  Por mais que você queira relativizar, quando você não está legal só consegue ver o lado ruim da situação.  É como eu disse para minha irmã (a nº 7) à noite: nesses momentos pensar em que está pior do que eu não é consolo e sim mais um motivo para eu me sentir pior. Se eu que estou "bem", estou me sentindo assim, imagine se eu estivesse na situação do outro! Enfim, hoje, talvez fosse um daqueles dias em que eu não deveria escrever. 
A vida é bela, o céu está azul (em Cuiabá), minhas filhas são lindas e saudáveis, tenho família e amigos maravilhosos que me amparam nos momentos difíceis. Certo? Sim, mas o duro é quando você olha para si própria e não consegue ser gentil e benevolente consigo mesma. Quando você deixa de ser sua amiga e sente, nem que por alguns instantes, desprezo por ser tão tola, inocente, e ainda ter essas crises adolescentes nessa altura do compeonato. A maturidade é uma quimera. 

Ps. Andei tão desanimada nos últimos dois dias que acabei me esquecendo de contar uma coisa bacana. Na terça-feira passada, para minha surpresa e alegria, o pátrio do Morro do Seminário estava mais iluminado quando cheguei para o ensaio do Cantorum. Tem dois pontos de luz poderosos que voltaram a cumprir sua função: iluminar o caminho de quem chega à Igreja de Nossa Senhora do Bom Despacho ou ao Museu de Arte Sacra, que funciona ao lado e onde acontecem os ensaios semanais do meu coral. 

quinta-feira, 15 de abril de 2010

De partida

Escrevo esta postagem meio sonada enquanto aguardo meu colega, o fotógrafo José Medeiros, para cumprir mais uma etapa de nossa pauta para a revista Produtor Rural. Ele acabou de me ligar, dizendo que está a caminho.
Ontem passamos o dia na região de Barão de Melgaço e Santo Antônio do Leverger, dois municípios próximos de Cuiabá (mais de 100 km) e localizados no Pantanal. É uma região tradicional e empobrecida. Tenho muito para contar.  Chegamos a Cuiabá por volta de 21h30m. Hoje vamos para outro lado: rumo ao Norte, na direção de Nova Marilândia, passando por Rosário Oeste e outros municípios pelo caminho. Vocês nunca ouviram falar de NM? Muita gente em Mato Grosso também não. Parece um município próspero. Vamos conferir.
Tenho que ir agora. É bacana trabalhar em Mato Grosso, um estado tão grande e diversificado, mas cansa ...

terça-feira, 13 de abril de 2010

Insight

Ontem, depois da aula de yoga, eu me toquei de uma coisa meio óbvia para muita gente, mas que me atingiu naquele momento com a força de uma enxurrada.
Sou de uma geração moderna, feminista, que lutou por direitos iguais para mulheres, que repele o machismo e se encrespa diante das práticas machistas e discriminatórias.  
Porém a gente carrega, como marca de fogo na pele, a marca da servidão, do medo e da insegurança. A gente anseia pelo macho protetor (pai, irmão, marido, amigo) que vá zelar pela segurança e prover a família. 
Algumas não estão preparadas para enfrentar com firmeza o mundo dominado pelo homem e se sentem sempre à beira de um ataque de nervos. Algumas se fragilizam, choram, se deprimem diante da ausência do macho protetor (não sei o que é pior, ter a presença física de alguém que não faz o seu papel a contento, ou simplesmente não ter); outras tornam-se agressivas, quase histéricas, para assumir o papel dominador. 
Dizem que há uma terceira via. É essa que estou querendo encontrar, mas, sinceramente, há momentos que desanimo. 
Queria poder nascer de novo, mudar meu plano mental, ser mais valente. Acreditar mais. Em mim.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Urutau

Com atraso e muita alegria, registro o nascimento de Urutau - o mais novo grupo musical de Cuiabá.
Urutau foi apresentado ao público neste fim de semana no Salão Social do Sesc Arsenal. Os convidados, que, felizmente, encheram o Salão Social (o teatro está em reforma) , ofereceram em troca 1 litro de leite Longa Vida ou a módica quantia de R$ 2.  
Quem atendeu ao convite teve o prazer de ouvir mais de uma hora de música instrumental de excelente qualidade e ainda compartilhar a emoção dos integrantes do Urutau: todos alunos do curso de música da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). São eles: Estela Ceregati (percussionista e dona de uma voz maravilhosa), Jhon Stuart (teclados e contrabaixo acústico), Joelson Conceição (violão de 7 cordas, cavaquinho), Juliane Grisólia (percussão e vocal), Phellyppe Sabo (sopros) e Tarcísio Sobreira (bateria, percussão e xilofone). O show de estreia teve participação especial do contrabaixista Ebinho Cardoso, espécie de mentor musical de todos. 
A maioria das músicas apresentadas é de autoria dos próprios integrantes do Urutau. Algumas tinham letras e outras eram só instrumental mesmo. 
Vida longa ao Urutau, que nasceu com jeito de pássaro maduro.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Era uma vez uma ONG que queria virar Oscip

Eu confesso: quase tive uma Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público). Tudo começou no final de 2005 quando tive a ideia de fazer um trabalho de mediação entre a mídia internacional e Mato Grosso. Como eu trabalhava (e ainda trabalho) na revista Produtor Rural ouvia constantemente especialistas falando sobre a necessidade de melhorar a imagem da agropecuária brasileira, em especial da mato-grossense.
Eu andava empolgada com as reportagens que fazia e percebia que nem tudo era tão "horrível" como apregoava a mídia urbana (nacional e internacional). A intenção na época era promover bons exemplos (propriedades rurais onde se fazia um trabalho bacana) e fazer um trabalho de formiguinha para desmontar alguns mitos criado pela mídia não segmentada. 
Pois bem, compartilhei minha ideia original com colegas de trabalho e o projeto cresceu. Alguém sugeriu que criássemos uma ONG para fazer esse trabalho, que precisaria ser pago por alguém. A intenção não era fazer trabalho voluntário. Foi aí que quase enfiamos os pés pelas mãos. Montamos um instituto, fizemos estatuto (uma chatice) e criamos a ONG que, posteriormente deveria se transformar numa Oscip - uma sigla ainda bastante nova e desconhecida para nós no início de 2006. 
O trabalho não andou e nossa ONG foi fechada antes de virar Oscip. Ainda bem. Dava para sentir que o caminho percorrido (possibilidade de acesso a recursos provenientes de emendas parlamentares, etc) não era para nós, jornalistas pouco habituados a esses malabarismos contábeis. Dizem que a gente sempre aprende alguma coisa com nossos erros. Eu aprendi que nunca mais vou querer ter uma Oscip.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Tragédias anunciadas

Hoje já escrevi muitos posts na minha cabeça. Todos acabaram superados pelas imagens chocantes das consequências das últimas chuvas no Rio de Janeiro exibidas pelo telejornal Hoje.
Não tenho muito a acrescentar diante da dor daquelas pessoas e do desespero de quem morreu - ou esperou por ajuda - debaixo de lixo, lama e escombros, mas não posso deixar de destacar o que todos insistem em dizer no noticiário: parte dessas tragédias poderia ser evitada. Culpa das autoridades que fazem vista grossa para as construções irregulares? Culpa dos próprios moradores que insistem em permanecer nas áreas de risco? Ou será que muitos fazem isso por falta de opção? Culpa de todos nós que insistimos num modelo de vida irracional atraídos feito moscas para os conglomerados urbanos em busca de "uma vida melhor"?
A tragédia vai passar, os mortos serão enterrados, alguns talvez jamais esquecidos por seus parentes e amigos, porém acabarão se tornando estatísticas no rol das grandes tragédias urbanas motivadas pelas forças da natureza e a teimosia do homem que insiste em acumular lixo, não encontra lugares apropriados para depositar o lixo produzido, constrói casas onde não devia, represa águas onde não podia, desvia cursos de rios, tampa córregos e outras vias de escoamento das águas da chuva sem muito planejamento ou conhecimento de causa.
Hoje Cuiabá comemora 291 anos com um dia ensoralado, de céu absurdamente azul e temperatura agradavelmente amena. De manhã, caminhando pela rua, vi muito lixo derramado na porta de prédios chiques, muitos terreros baldios e calçadas cheias de irregularidades. Pensei se Cuiabá teria tanto a comemorar como apregoam as peças publicitárias da Prefeitura e de empresas comerciais.
No horário de almoço assisti a uma ampla reportagem na TV Centro América sobre a nova operação da Polícia Federal, que inclui desvio de verbas (inclusive, de dinheiro destinado à saúde dos indígenas, a cargo da Funasa, e a obras de saneamento básico no pobre município de Santo Antônio de Leverger, a poucos quilômetros de Cuiabá), oscips supostamente criadas para levar o bem à sociedade (como o Instituto Creatio) e políticos.
Depois li que o projeto de lei Ficha Limpa, que impede a  candidatura de políticos  que respondem a processos, dificilmente será votado antes das próximas eleições. 
A minha diarista agradeceu a Deus pelo fato de Cuiabá ter um dia tão lindo em comparação com a tragédia que se abate sobre o Rio e outros municípios fluminenses. As coisas para ela parecem mais simples. Talvez eu complique demais, mas enquanto as pessoas deixarem nas mãos de Deus o destino de cidades e populações, continuaremos vendo a loucura de recursos públicos desviados ou gastos de forma indevida enquanto se armam cenários propícios para as grandes tragédias urbanas. 

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Sonhando com o Cantorum

Hoje quero fugir do clima deprê que tem imperado neste blog, embora a gente sempre possa escolher falar  de coisas boas ou ruins (pelo menos, por enquanto). Depende do feeling do dia.
Ontem fiz definitivamente (oh palavra maldita!) a paz com o Cantorum, aquele coro que foi minha paixão em 2008 e que deixei de lado no final do primeiro semestre de 2009. A noite estrelada e fresca, nada típica de Cuiabá, estava convidativa e tornou menos tenebrosa a chegada ao Morro do antigo Seminário(onde acontecem os ensaios), que continua sem luz no pátio.
O ensaio rolou gostoso e foi bastante proveitoso. Começou com o "Sanctus" de autor anônimo (eu me esqueci de que século), que o coral já domina; prosseguiu com o aprendizado do belíssimo "Kyrie" do padre carioca José Maurício Nunes Garcia (do barroco mineiro) e terminou com "Panis Angelicus" do belga César Frank (do período romântico), que é muito bonito de cantar. 
Sou a única do grupo que não frequenta uma igreja e nem posso dizer que acredito em Deus e, naturalmente, gostaria de um repertório menos sacro. Mas, religiões à parte (me dá calafrios imaginar o que os padres regentes faziam com seus pequenos cantores nos internatos da vida ao longo dos séculos), a música sacra é belíssima. É música e ponto final. É maravilhoso ver as vozes soando juntos e construindo a harmonia imaginada pelo compositor. Eu imagino o Cantorum crescendo e se apresentado pelas cidades do interior de Mato Grosso e, quiçá, de outros estados. Mas o importante seria levar música erudita e informação a populações que só conhecem o pior da música popular.  Será que isso já é sonhar demais?
De qualquer maneira, é bacana ver a paciência e a satisfação de nosso regente e diretor André Vilani com o progresso dos integrantes do coral, quase todos muito jovens e simples. Gente que provavelmente sai de casa cedo para estudar ou trabalhar e, por um estranho motivo, adora cantar - como eu.

Mais luz para o Bom Despacho!

terça-feira, 6 de abril de 2010

Aprendendo a ganhar e a devolver

Pouco antes do almoço li um texto do consultor financeiro Saulo Gouveia intitulado "Aprender, ganhar e devolver". Ele diz que a vida é dividida em três fases e a segunda, que vai dos 28 aos 42 anos, é a de ganhar. 
"Não paramos de aprender, mas começamos a receber o retorno do investimento que fizemos na primeira fase. Se você for fiel à profissão que escolheu e se tiver endereço fixo, as pessoas vão saber quem você é, o que faz e vão lhe buscar. Com o tempo acumula bens que vão gerar benefícios para si e para os outros. Nessa fase construímos uma carreira e um estilo de vida", afirma o autor, que assina a coluna Seu Bolso no jornal A Gazeta, aos domingos. 
Esse trecho me deixou pensativa e pesarosa.  Se for levar isso ao pé da letra, fiz tudo errado. Exatamente nessa etapa da minha vida mudei de cidade, de carreira e estilo de vida. Quando estaria iniciando a terceira fase, "a de devolver à vida tudo que ela nos trouxe", praticamente tive que começar tudo de novo, mudando novamente de cidade, retomando a antiga carreira em outro espaço (não o original) e mais uma vez de estilo de vida. E ainda tendo a responsabilidade (e o prazer) de criar duas filhas. Resultado? 
Tem horas em que me sinto mais rica, mais humana. Olho para trás, como tive condições de fazer neste fim de semana, e vejo como eu era preconceituosa e orgulhosa. Mas, em grande parte do tempo, eu me sinto - com o perdão da palavra - fracassada. Estou sempre atolada em dívidas e incertezas, me sinto pequena  assustada e desamparada. 
Ainda assim, não desisto. Vou continuar insistindo na  primeira e na segunda fase. Quem sabe um dia eu aprendo, ganho e consigo devolver mais às pessoas e à vida?

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Histórias tristes

Enquanto aguardava para falar com uma pessoa da diretoria da Famato, li uma história triste no jornal Folha do Estado, sobre um menino de 6 anos, que veio passar uns dias em Várzea Grande (ele morava num sítio em Poconé, a cerca de 100 km de Cuiabá), e morreu eletrocutado. Ele estava brincando com um amigo, segundo a mãe, escorregou num dos muitos buracos de Várzea Grande, e segurou na cerca elétrica da casa de um aposentado que, aliás, foi preso por causa do acontecido. 
Achei tudo muito triste. As pessoas querem se proteger de assaltos e acabam se cercando de um aparato de segurança que, não raro, acaba ferindo ou matando gente inocente. Outro dia estava pensando nisso: por causa do medo dos assaltos e roubos, todo mundo quer se proteger ao máximo. Quem tem muita grana, contrata seguranças, anda de carro blindado e vive cercado por grades e cercas. Quem tem menos grana ou tem pouca grana, pelo menos onde vivo, sofre mais porque fica mais à mercê dos assaltantes. 
Neste fim de semana, fui a Cáceres, cidade de aproximadamente 100 mil habitantes, a 210 km de Cuiabá, e visitei a casa de uma amiga, que está longe de estar entre os mais ricos. Pois bem, há uns 15 dias, num domingo, ela saiu  para almoçar com os pais recém chegados de uma cidade grande (dessas atormentadas pela violência) e quando voltaram sua casa tinha sido revirada e, entre outros bens, os ladrões levaram o carro dos pais, que acabou sendo recuperado pela polícia depois que os ladrões foram perseguidos após outro assalto. Sua mãe me contou que, além de revirar todos os aposentos da casa e maltratar os cachorros (não eram cães de guardas), os ladrões ainda praticaram atos de vandalismo como deixar caixas de suco derramando na porta do freezer. Depois da casa arrombada, minha amiga reforçou as trancas e  mandou instalar cerca elétrica.