sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Salada mista

Acabei de ler no site Comunique-se que mais de 175 mil blogs são criados por dia e, segundo a notícia "muitos abandonaram suas páginas". Os motivos, discutidos num painel do Campus Party, são muitos: falta de motivação, plágio, etc.
Bom, eu não tenho intenção de virar ex-blogueira, por enquanto. Muito pelo contrário, mas tenho a intenção, admito, de fazer umas alterações neste blog. Não quero antecipar minha ideia para que ela não se perca. Em breve, se der certo, será concretizada.
Ontem falei sobre a insegurança em Cuiabá e fiquei sabendo que uma das pessoas vítimas do assalto relatado no post anterior quase sofreu um novo assalto ontem. Ele estava chegando ao estande de um novo lançamento imobiliário num bairro nobre de Cuiabá e os ladrões estavam saindo do local, com notebooks e outros objetos roubados. Um deles chegou a apontar a arma para a barriga do meu conhecido, mas só para assustá-lo. O assalto já tinha terminado. Loucura, ?
Hoje, o grande assunto do dia é a notícia de que minha filha caçula foi aprovada no vestibular da Unesp, campus Jaboticabal (SP). Ela ainda está aguardando outros resultados, mas o xis da questão é: fica em Cuiabá e faz o curso na UFMT, onde provavelmente conseguirá uma vaga via Enem, ou parte para um voo independente fora do ninho? Essa questão motivou uma conversa interessante entre meus colegas de redação e a maioria opinou favoravelmente ao voo. Eu, como pássara/mãe, estou dividida: vejo as possibilidades profissionais e pessoais que se abrirão para ela se fizer o curso numa universidade de mais tradição, fora de Cuiabá. Por outro lado, ficar longe da minha filhinha, que é, acima de tudo, uma grande amiga e fonte permanente de afeto e carinho, me deixa com os olhos úmidos e o coração mais do que apertado.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

(In)segurança

Uma coisa sempre me intrigou desde que vim morar no interior de Mato Grosso há 22 anos. O povo daqui penava com medo da insegurança no Rio de Janeiro e São Paulo, mas quando eu ia às festas de aniversário o assunto era um só: minha casa foi assaltada, a casa de fulano de tal foi assaltada, etc. Foi em Cáceres que vi pela primeira vez o corpo de um rapaz estendido no chão - disseram que era ladrão -, quando voltava das imediações da Unemat (a universidade local) para casa, num bairro legal da cidade. Eu ficava revoltada de perder as vantagens de morar na cidade grande e não me livrar das desvantagens. Com o tempo, fui me habituando ...
Pois essas lembranças me vieram à cabeça por causa de um episódio recente. Em dezembro passado, minha filha caçula viajou sozinha de ônibus para o interior de São Paulo (Ribeirão Preto) para prestar vestibular; de lá foi para Campinas com o mesmo objetivo e andou pela cidade em companhia de um primo pouca coisa mais velho; viajou de avião para o Rio, pegou táxi sozinha no aeroporto e retornou a Cuiabá com a irmã há duas semanas. Durante a temporada na capital carioca, andou de táxi, ônibus, metrô, foi a um show na quadra do Salgueiro (onde eu quase morri de medo), caminhou de madrugada pelas ruas de Ipanema no Réveillon e nada aconteceu. Ainda bem. Foi ser vítima de um assalto à mão armada durante uma festa familiar num bairro de Cuiabá em plena luz do dia. Por sorte os bandidos não agrediram ninguém e um deles até fez um discurso do tipo "essa é nossa profissão, estamos aqui porque não temos pai, nem mãe, etc". Ela não teve nenhum objeto roubado porque foi "esperta" e sentou sobre sua bolsa. Como tinha muita gente na casa os ladrões não perceberam, mas acho que ela se arriscou demais. Foi o segundo assalto à mão armada sofrido por ela em Cuiabá: há uns dois anos teve seu celular roubado quando andava por volta de 17h30m da tarde com um grupo de amigas.
E o governo local ainda se ufana em exaltar os avanços em segurança pública em Mato Grosso ...

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Projetos

Hoje não estou tão inspirada e estou muito empenhada em concluir a reportagem para a revista Produtor Rural com as informações colhidas na Conferência sobre Resistência de Plantas Daninhas, um tema paradoxal como a vida: parece complexo e, ao mesmo tempo, é simples. Imaginem o nó que está na minha cabeça!
Nesse retorno a Cuiabá, depois de passar pouco mais de 30 dias fora (no Rio de Janeiro, duas cidades do interior do Estado do Rio e São Paulo, e Miami), tenho reunidos algumas certezas: o valor da amizade, a importância dos vínculos emocionais e afetivos que criamos, e meu amor pela literatura e a música, o que envolve ouvir, cantar, dançar e escrever.
Ontem, num rompante de final de tarde, liguei para o regente do meu antigo coral - o Cantorum - e, depois de um breve papo (ele esteva de férias em Goiânia), comecei a pensar em retornar no próximo dia 22 de fevereiro. Não vejo a hora de retomar as idas ao Chorinho (o bar Choros & Serestas) principalmente nas quartas-feiras - a turma do Chorinho tirou férias coletivas em janeiro - e pretendo ainda desenvolver alguns outros projetos musicais e literários, mas esses ainda permanecerão no bolso do colete por enquanto. Se derem certo, com certeza, os leitores deste blog serão os primeiros a saber.
A propósito, é gostoso passar dos 50 anos e ainda ter planos.

PS. Relendo o post percebi que os meus planos que me dão mais alegria nunca estão relacionados ao item ganhar mais dinheiro. Não é à toa que estou sempre meio dura.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Bicicleta

É impressionante como nos custa tão pouco fazer o bem e como nos deixamos levar pela inércia tão facilmente.
Há anos - mais precisamente desde que me mudei para Cuiabá, no início de 2003 - que as bicicletas de minhas filhas estavam mofando no pátio do prédio que escolhemos para morar na capital - ou foi ele que nos escolheu? As bicicletas recém compradas eram de grande utilidade em Cáceres, conhecida como a "cidade das bicicletas", mas se revelaram de nenhuma serventia em Cuiabá, cidade de trânsito difícil e de muito calor. Pelo menos para minhas filhas.
Sugeri a elas que pedissem ao tio ou ao pai para levar as bicicletas de volta a Cáceres, onde voltariam a ser úteis, porém isso não ocorreu.
Pois bem, no final do ano, num impulso decidi doá-las aos funcionários do prédio. Na verdade, escolhi dois do grupo para oferecê-las. Hoje, mais de um mês depois, desci no elevador com o rapaz da faxina e ele me disse, sorridente, que mandou arrumá-la e está usando a bicicleta maior para vir ao trabalho diariamente. Fiquei tão feliz! Ainda mais por que ele sempre me parece tão triste quando o encontro pelos corredores ou no elevador limpando pacientemente o grande espelho onde eu e minhas filhas adoramos nos olhar quando saímos às pressas de casa.
Juro que minha intenção aqui não foi me vangloriar - na verdade, acho que faço tão menos do que poderia. Quis apenas registrar o sentimento que me perpassou nessa hora: como é gostoso dar! Aquele papo de que a alegria de quem dá é tão grande ou até maior do que a de quem recebe não é conversa para boi dormir.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

De biquíni, porém longe do mar

Acho que o mundo seria muito sem graça se houvesse uniformidade e unanimidade em tudo.
Digo isso para comentar um episódio bizarro ocorrido em Cuiabá, neste fim de semana. Um fotógrafo paranaense resolveu tentar quebrar o recorde de mulheres de biquíni num ensaio fotográfico longe da praia. A intenção era atingir a marca de 2014 mulheres numa alusão ao ano da Copa do Mundo a ser realizada no Brasil. O local escolhido foi o estádio do Verdão, que será demolido para a construção de outro mais adequado às exigências da Fifa para que Cuiabá seja uma das sedes do evento. O recorde anterior no gênero era de 1010 mulheres em Sydney, na Austrália, obtido por um fotógrafo australiano.
Pois bem, segundo o site 24horasnews, 1.400 mulheres chegaram a se inscrever para participar da empreitada, o que dava certeza de vitória ao idealizador até a véspera do ensaio. No sábado, entretanto, 197 apareceram e algumas, que tinham ido ao local apenas como acompanhantes, foram incentivadas a buscar o biquíni em casa.
O "feito" teve cobertura do programa Fantástico por meio do jornalista Maurício Kubrusly, que vive à caça de acontecimentos e personagens esdrúxulos nos quatro cantos do país. Há quem diga que valeu a publicidade para Cuiabá; outro acharam um absurdo o fato de o autor da ideia ter conseguido apoio oficial - a abertura do Verdão, escada do Corpo de Bombeiros, etc - para a realização de sua façanha.
Eu achei a história muito louca e fico cada vez mais pasma diante dessa obsessão mundial por recordes totalmente sem nexo.
Ah, apesar de ter ficado longe da meta desejada, o autor da ideia conseguiu obter um recorde segundo o RankBrasil (fonte www.24horasnews.com.br).

sábado, 23 de janeiro de 2010

A farra do ônibus


Uma das passagens mais divertidas das minhas férias no Rio de Janeiro aconteceu na virada do Ano, que teve momentos super legais e outros nem tanto.
Quando a grande família e agregados decidiu ir ver os fogos na Avenida Atlântica já era bem tarde e até juntar a galera toda (cerca de 30 pessoas entre 5 e 72 anos) levou um bom tempo.
O jeito, segundo os especialistas de plantão (Lourenço e Dudu), foi pegar um ônibus na Visconde de Pirajá. Levamos algum tempo para embarcar no ônibus e lá fomos super bem recepcionados pelo trocador (na foto, com Bel, uma das mais animadas da nossa comitiva), que simplesmente a-do-rou aquela família maluca que invadiu seu local de trabalho minutos antes da virada do ano.
Ele cobrou o dinheiro da turma (há controvérsia se acabou levando algum a mais ou se ficou no prejuízo), tirou fotos com a galera, chamou a dona Maria (Bel) para fazer discurso do púlpito (o lugar do cobrador), enfim, curtiu e participou da farra.
Quando estávamos a umas três quadras da Atlântica e o trânsito começou a engarrafar, os comandantes da comitiva mato-grossense/sul-mato-grossense/carioca/canadense/mineira decidiram que era melhor descer e continuar a pé. Tivemos que "correr" para chegar na esquina da Francisco Sá com Atlântica a tempo de ver os fogos, que praticamente não vi porque fiquei "cuidando" de minha filha mais velha que descobriu de repente que seu pé estava sangrando muito. O corte felizmente foi pequeno, mas o susto foi grande. Os bombeiros de plantão nessa esquina foram uns amores e fizeram um pequeno curativo no pé da Diana, que voltou correndo para curtir o início de mais um ano. A propósito, terminou a noite descalça e triste pela perda das sandálias novas e douradas na areia da praia de Ipanema. Milagrosamente, as sandálias reapareceram inteiras por volta de 9h do dia 1º pelas mãos de Bel - a heroína da noite.
Este texto é uma forma de registrar esse momento tão especial e uma homenagem ao cobrador, cujo nome não sei. Desejo que 2010 esteja sendo um bom ano para ele, cuja alegria foi contagiante naquele momento em que todo mundo deseja estar junto de alguém que ama e ele não teve o menor pudor de se integrar - nem que fosse por alguns momentos -a uma família que lhe pareceu tão feliz, unida e louca. É também uma homenagem a Bel, com quem já passei muitos réveillons e cuja alegria é sempre muito bem-vinda. Torço para que 2010 lhe traga muitos motivos para sorrir e comemorar.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Sozinha

Volto a Cuiabá depois de mais de um mês ausente. É bom chegar em casa. É bom ter casa, o nosso canto.
Estou me sentindo meio sozinha. Minhas filhas estão curtindo mais alguns dias de férias em sua cidade natal e hoje a mais velha, ao telefone, cometeu um ato falho: perguntou o que eu trouxe de presente para sua mãe, querendo se referir à sua querida tia Márcia, em cuja casa está hospedada.
Fiquei meio sentida pelo fato de não tê-las encontrado e não ter ninguém à minha espera. É difícil lidar com isso, é perturbador e, ao mesmo tempo, libertador.
Apesar de todo carinho da família - tão imenso que às vezes chega a ser sufocante -, estou numa fase em que estou me sentindo desimportante, desinteressante. Talvez retomar o blog me ajude a retomar meu eixo. Há questões fortes e importantes que me atropelam: como conseguimos viver num mundo tão desigual? Enquanto uns se matam por comida, outros comem até se empanturrar ou jogam comida fora. Enquanto uns consomem tanto, gastam tanto em marcas e grifes, viajam, passeiam e se hospedam em hotéis maravilhosos, outros perdem o sono à noite com medo de enchentes e desabamentos.
Eu gostaria de ser menos egoísta, menos superficial, sinceramente. Queria ser mais segura, ter mais certezas, mais fé - em Deus, nos homens e em mim mesma.
Hoje, durante uma parte do voo de São Paulo para Cuiabá, li mais alguns contos de um livro muito legal que comprei na livraria do aeroporto. Chama-se "Clarice na cabeceira" (Editora Rocco - 2009) e traz alguns contos de Clarice Lispector selecionados por leitores como Lia Luft, Maria Bethânea, Malu Mader e Fernanda Takai. Descobri há pouco tempo que conheço muito pouco a obra de Clarice e resolvi começar a compensar essa falha e, modestamente, aprender um pouco com ela. Gostei de vários contos, mas fiquei especialmente impressionada com "A bela e a fera ou A ferida grande demais", escolhido pela atriz Letícia Spiller. Ele narra um encontro entre uma dondoca e um mendigo na Avenida Atlântica e mostra de uma forma brilhante - e também engraçada - a identificação que a moça vai sentindo em relação ao pedinte, embora estejam em situação financeira tão oposta. Ela se dá subitamente conta da mentira e superficialidade de sua vida. "Eu - eu estou brincando de viver. Ter uma ferida na perna - é uma realidade" - diz.
Às vezes também tenho essa sensação, mas prefiro o conforto de não ter uma ferida na perna.
Preciso me apaixonar - por alguém, por alguma coisa.

Divagações

Estava pensando agora mesmo: por que acho que sou tão especial e estou sempre achando que estou aquém das minhas expectativas? A autoexigência pode ser positiva e estimuladora, mas também pode ser altamente angustiante e fonte de enorme sofrimento.
Sinto que estou com um problema espiritual. Não creio em Deus, mas sofro demais com as incertezas em relação ao pós-morte. Sempre desejei para mim uma vida mais espiritual, mas por alguma razão me desviei do caminho e sinto que, apesar das conquistas - casamento, filhos, trabalho, prêmios, viagens - estou sempre insatisfeita comigo mesma.
Às vezes, olho para trás e penso o quanto fui feliz quando minhas filhas eram pequenas e eu tinha a ilusão de ter criado a minha pequena família perfeita. Mas isso não é verdade: mesmo naquela época eu tinha minhas inquietações, frustrações e enorme insegurança em relação a tudo.
A questão crucial, na minha avaliação, não é ter ou não ter um companheiro e sim estar bem comigo mesma, é estar em paz. As coisas boas virão daí. Não estou conseguindo ultimamente encontrar essa paz, essa sensação de estar fazendo tudo que poderia estar fazendo, de estar vivendo em plenitude, dando o melhor de si para o mundo.
Por mais que as pessoas tenham fé não há como fugir da possibilidade de que a vida termine aqui mesmo, embora no momento eu esteja mais inclinada a acreditar num processo de evolução pessoal, com a possibilidade de reencarnação. E, nesse caso, ainda tenho muito que evoluir, acredito.
Onde estão meus sonhos? Meus ideais? Sinto como se eu estivesse de alguma forma anestesiada.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Ainda em Miami

Aproveito os últimos minutos do wi-fi free do hotel (o Lowes) onde estamos hospedados e que teremos que deixar até 11h. Nosso voo será noturno, porém temos que fazer o check-in no aeroporto cedo.
Valeu a vinda a Miami. A matéria foi interessante, embora a conferência promovida pela Bayer CropScience tenha sido muito técnica. Preferia um trabalho mais "outdoor". Meu inglês está melhor do que eu esperava, embora aqui seja uma babel em termos de idioma. Ouve-se portuguûes, espanhol e, naturalmente, portunhol, o tempo todo.
Quanto ao blog, sinto que temos - eu e ele, eu e meus leitores - que reconquistar a intimidade perdida em um mês de férias.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

De volta

Estou em Miami, a convite da Bayer CropScience, participando de uma conferência sobre resistência de plantas daninhas.
É incrível como me sinto orgulhosa do meu estado natal quando estou fora e num evento ligado ao campo. Ontem, no café da manhã, falei a um jornalista da Califórnia sobre ILP (Integração Lavoura-Pecuária) e, à tarde, para minha surpresa, um dos palestrantes - um pesquisador fera da Esalq/USP - apresentou a ILP como uma alternativa de combate à resistência das ervas daninhas. Outro palestrante - um pesquisador australiano muito divertido - falou sobre a importância da diversificação: de culturas e elementos ativos usados nos defensivos.
Uma grande amiga do Rio de Janeiro disse que eu virei uma "militante do agronegócio". Será???
By the way, Miami é uma delícia!