sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Matando saudades de Gismonti

Por causa de um texto que escrevi ontem sobre o músico Ebinho Cardoso para o jornal "Diário de Cuiabá" acabei tendo que pesquisar algumas coisas (como é gostoso!) e aí acabei descobrindo uma entrevista genial do compositor e instrumentista fluminense Egberto Gismonti no site www.overmundo.com
A entrevista toda é muito reveladora, mas quero destacar aqui um trecho que sintetiza bem o que acontece no mundo hoje na visão nostálgica dos que viveram a efervescência das décadas de 70 e 80. A entrevista foi dada a Edson Wander de Goiânia:
- A nova geração de músicos do gênero instrumental tem um ambiente melhor para produzir?
- Olha, não sei. Recebo muito disco, muito demo por aí e poderia responder que o que está acontecendo na música é algo que está acontecendo de maneira geral na cultura. Todo mundo tem um acesso imenso à informação, mas o que está sendo esquecido é que informação sozinha não quer dizer nada. A única coisa que tem sentido é quando a informação é sedimentada dentro de cada um e se transforma na própria cultura de cada um. Não adianta nada você ter acesso a todas as livrarias do mundo por meio de um navegador qualquer, porque as informações vão continuar lá. Quando se tinha pouca facilidade para chegar à informação, valorizava-se muito mais isso. Eu me lembro que na minha época eu custei a tocar profissionalmente. Quando eu queria uma partitura de algum músico, eu corria atrás e copiava. Para copiar você precisava saber escrever música. Hoje você baixa não sei de quê, faz um xerox aqui, usa um scanner ali. Então, hoje a facilidade é grande demais, mas as pessoas não sabem o que fazer com ela. Evidentemente tem exceção, mas boa parte do material que recebo, me parece um mergulho muito rasinho ainda. Não tem como aproveitar.

Um comentário:

Martha disse...

Muito obrigada! Volte sempre!
Um abraço.